Fundos Comunitários da Amazônia destacam caminhos para uma transição justa durante roda de conversa na COP30

Encontro reúne representantes de diversos territórios amazônicos para fortalecer vozes comunitárias e reafirmar que os fundos são ferramentas essenciais para temas como combate às mudanças climáticas e transição energética justa

A Rede de Fundos Comunitários da Amazônia (RFCA) realizou, na tarde de 14 de novembro, uma roda de conversa durante a Cúpula dos Povos, na cidade de Belém, paralelamente à COP30. Intitulada “Fundos Comunitários da Amazônia Brasileira como formas de organização político-financeira dos territórios, para os territórios, frente aos desafios de uma transição justa aos povos”, a atividade reuniu representantes de diversos fundos comunitários que atuam diretamente na defesa de direitos, no fortalecimento territorial e na promoção de modelos próprios de sustentabilidade.

Conduzido por Marta Campos, do Fundo Luzia Dorothy do Espírito Santo, o encontro trouxe reflexões sobre o papel dos fundos comunitários na construção de alternativas futuras alinhadas a uma transição justa, contextualizada e liderada pelos próprios povos amazônicos.

A discussão se desenvolveu a partir da pergunta norteadora: “Qual a contribuição da RFCA para a transição justa nos territórios?”. Ao longo da conversa, os participantes destacaram que a rede tem contribuído para fortalecer modelos de autogestão financeira, autonomia comunitária e processos educativos que consolidam identidades coletivas. Um dos depoimentos reafirmou que “abraçamos a identidade comunitária”, enquanto outro reforçou que “a rede é um projeto político e educativo”, ressaltando seu caráter de articulação e formação.

RFCA em Roda de Conversa na Cúpula dos Povos, realizado durante a COP30. Belém (PA), 15 de novembro de 2025. Foto: Cleydson P. Coutinho

Representantes dos fundos destacaram que os territórios já vivenciam práticas concretas de transformação, construídas a partir de saberes tradicionais e formas próprias de organização. Como afirmou um dos participantes, “já exercitamos um tipo de transição que precisa ser levado em consideração”, enfatizando que os povos amazônicos não estão apenas debatendo alternativas, mas já protagonizam soluções reais para o enfrentamento das mudanças climáticas e das desigualdades socioambientais.

A roda contou com a participação de Francineide Correia (Fundo Indígena do Rio Negro), Graça Costa (Fundo Dema), Jonas Pynheh (Fundo Timbira), Maria do Socorro (Fundo Puxirum), Maria Ednalva (Fundo Babaçu), Romeson Macuxi (Fundo Indígena Rutî), Jaqueline Alcantara (Fundo Quilombola Mizizi Dudu) e Sandro Baré (Fundo Indígena Podáali).

O encontro reafirmou a relevância da RFCA como instrumento político-financeiro construído pelos territórios e para os territórios, fortalecendo a luta coletiva por uma Amazônia viva, autônoma e protagonista de sua própria transição justa.

O QUE É A RFCA?

É uma articulação formada por Fundos Comunitários das organizações sociais da Amazônia que se unem para compartilhar experiências, construir conhecimentos coletivos, fortalecimento mútuo, planejar ações de incidência política e potencializar a democratização do acesso a investimentos de base comunitária.

RFCA NA COP30

A participação da Rede de Fundos Comunitários da Amazônia tem apoio de organizações como a Ford Foundation e Climate and Land Use Alliance (CLUA).

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